sábado, 22 de dezembro de 2007

Sete tipos de paz



"Os índios Aymara, que habitam há séculos as margens do lago Titicaca, nos Andes, defendem a necessidade de sete diferentes tipos de paz.

A primeira é para dentro de si. Consigo próprio, na saúde do corpo, na lucidez da mente, no prazer do seu trabalho, na correspondência dos seus amores. (...)

A segunda é para cima. Com o espírito de seus antepassados, com a vontade de Deus. (...)

A terceira paz é para frente, com seu passado. A arrogante cultura ocidental põe o passado para trás. Já os Aymara põem o passado à frente, porque ele é o conhecido, o visto, o vivido. (...)

A quarta paz é para trás, com seu futuro. (...)

A quinta é para o lado esquerdo, com seus próximos. (...)

A sexta paz é para o lado direito, com seus vizinhos. (...)

A sétima paz é para baixo, com a terra que você pisa, de onde virá seu sustento. (...)

Para cada leitor, eu desejo esses sete tipos de paz, com base na sabedoria Aymara. Mas desejo que, além das sete formas de paz, você tenha planos para construí-las. Das sete, cinco dependem apenas de você e sua família, de sua introspecção, sua espiritualidade, suas amizades. Mas para a da direita e para baixo, dependem de sua ação social e política. Dependem de luta. (...)

Desejo a cada leitor muita paz. A paz completa dos Aymara, e uma vida que assegure as cinco formas de paz vindas de você e da família, quanto as duas outras que vêm da luta política e social de que o Brasil e o mundo precisam. Afinal, Jesus, que deu início a esse sentimento natalino, é um exemplo da paz interna e da luta por um mundo melhor, no qual todos vivam em paz.

Desejo-lhe sete tipos de paz neste Natal, e que, em 2008, você lute para ter direito a eles. Feliz Natal, Próspero 2008, sete formas de paz para você. E muita participação para construí-las. Porque a paz não acontece, ela é construída."

PAZ E LUTA .
Cristovam Buarque
O Globo
Sábado, 22 de dezembro de 2007


Que a tradição deste continente seja um farol, iluminando nossa caminhada em 2008.

O !Ponto do Conto deseja a você, e a todos que lhe são queridos, sete tipos de paz !

Um grande abraço e BOAS HISTÓRIAS
Eliana Ribeiro



quinta-feira, 29 de novembro de 2007

VI Moitará de Histórias - fotos


RADAMÉS NEFER TUT, Guardião do !Ponto do Conto, e árvore do Espaço POMAR
Foto: Maria Cecília Dal Molim

O VI Moitará, fechando o ciclo de Moitarás de 2007, demonstrou as raízes e a renovação presentes em um círculo. As intregrantes Ana Luisa e Cleudes estão presentes desde o primeiro Moitará ; Telma e Dulce Eugênia iniciam, neste encontro, a participação em nossa Tribo.
Este Moitará foi o mais afetivo deste ciclo. A troca de experiências significativas, que, segundo Walter BENJAMIN, é a Alma da narrativa, foi o bordado que entrelaçou as histórias preferidas _o tema deste encontro_ e as histórias de vida de cada contadora presente.
Agradeço à Ângela Philippini, coordenadora do Espaço POMAR, pelo apoio ao projeto e à Bruna Estrella pela participação na produção dos Moitarás.
Agradeço às Contadoras de Histórias presentes neste VI Moitará, pelos momentos de afetividade e encantamento.

AS FOTOS DO ENCONTRO SÃO DE AUTORIA DE BRUNA ESTRELLA

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Eliana Ribeiro

Aproveitei para estrear uma história: Mito da Criação !kUNG
Esta é uma das propostas do Moitará: tornar-se um espaço no qual as histórias possam ser trabalhadas, arredondadas como as pedrinhas da cachoeira pela ação das águas...

Ana Luisa Mainardi

Ana Luisa Mainardi trouxe o conto, a imagem e a performance. A partir da história de uma fábrica de retalhos brancos que decidem viajar pelo mundo, adquirindo cores e padronagens, a contadora de histórias confeccionou um belo livro de pano, de onde os retalhinhos saltavam para mostrar o resultado das aventuras. A contação de histórias com objetos requer um grande cuidado para que a cadência do conto não se perca; Ana envolveu-nos com sua performance delicada , ritmada e seu trabalho plástico de grande beleza.

Cleudes Werneck

Cleudes Werneck trouxe um conto sobre janelas que se abrem para paisagens imaginadas; descritas com os olhos do coração. Cleudes, presente no primeiro Moitará, fez questão de estar neste, que encerra o ciclo de Moitarás de 2007, para celebrar a figura do Contador de Histórias.

Telma Lucia Moreira Vieira

Telma Lucia é a nova integrante da Tribo do Moitará. A simpática professora, com um repertório brasileiríssimo, pesquisado no mestre Câmara Cascudo, brindou-nos com a Moura Torta . A doçura de Telma assinala a chegada de uma contadora de histórias portadora das boas palavras e que, certamente promoverá o encantamento.

Dulce Eugênia

Dulce Eugênia Oliveira da Silva Marinho é uma das mais novas integrantes da nossa Tribo. Assistente Social, contadora de histórias, participante em projetos da rede de lojas Mundo Verde, Dulce Eugênia compartilhou uma versão belíssima da Lenda da Vitória Régia, recriada a partir da leitura de vários mitos. Compartilhou também um pouco da sua história, da história de seu nome, enfim, todos aqueles preciosos detalhes que dão identidade a um contador de histórias.

Bruna Estrella

Bruna Estrella, nossa cinegrafista/fotógrafa oficial, vem desde o III Moitará, participando também como contadora de histórias. Desta vez ela contou duas histórias, que fazem do repertório de Bia Bedram. "A maior história do mundo".
Deixa passar os patinhos... Deixa passar os patinhos ... cantou Bruna em homenagem ao Contador de Histórias, aquele que é capaz de acrescentar graça a uma fila de patinhos que nadam leeeentamente e, com essa graça, convencer a um Rei.
A outra história, cheia de ritmo e travessura, foi sobre um menino que recebe um nome do Anjo e outro nome do Capeta. Diga-se de passagem, bem que tentamos pronunciar os dois nomes, mas só Bruna conseguiu essa proeza.

A Tribo do VI Moitará

Que um novo ciclo, pleno de boas histórias, se inicie !

Até o próximo Moitará !


Até 2008 !

V Moitará de Histórias - Fotos


As fotos do V Moitará de Histórias estão em processo de restauração. Brevemente serão publicadas.

domingo, 14 de outubro de 2007

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

V Moitará de Histórias:Convite

O !Ponto do Conto convida para o V Moitará de Histórias :
O Louco, o Guerreiro,
O Rei e o Enamorado
CELEBRANDO O MASCULINO.
Conte uma história e traga 20 cópias da mesma para um escambo de bendizeres.Ao final do encontro, cada participante terá um repertório de histórias sobre o Homem e o Masculino, construído, coletivamente,com a Palavra de cada um.
Um grande abraço
Eliana Ribeiro
DIA 19 DE AGOSTO
DAS15:00 ÁS 18:00
Inscrição: R$ 10,00
Pelo telefone: (21) 3393- 1661 ou
Local: CLÍNICA POMAR
Rua Engenheiro Adel 62 Casa 2
Tijuca, Rio de JANEIRO
Ao confirmar a inscrição, deixe um telefone ou e-mail para contato.

IMAGEM: Montagem feita a partir de cartas do Tarot Artist's Inner Vision; disponível em http://taroteca.multiply.com/


quinta-feira, 26 de julho de 2007

Fotos do IV Moitará de Histórias


O IV Moitará de histórias representou uma transformação qualitativa (que já se esboçara no III Moitará); passamos a refletir sobre o repertório, apresentado a partir do tema proposto.Verificamos que a representação da religiosidade popular, nesta tribo que se reuniu para o escambo de narrativas, foi através de imagens da tradição católica. Sinalizamos, também, a presença de histórias sobre a morte. No bate-papo que sempre acontece após encontro, concluímos que o tema ressoou em nossas raízes familiares, tanto que foram lembrados os tios e avós contadores de histórias. Agradeço ao Povo das Histórias que, além da troca de narrativas, propiciou momentos de reflexão e construção de uma sabedoria coletiva.

Eliana Ribeiro

Iniciei o Moitará com um causo que ouvi, quando criança. de minha bisavó. Me contava bisa Anna que, em Viana do Castelo, sua terra natal, uma moça fez uma série de promessas para Santo Antônio. Como o santo não realizava o tão pretendido milagre _ um casamento_ a moça, com raiva, atirou o pobre santinho pela janela e... acertou o nariz de um moço bonito que por ali passava.
Como quem conta um conto acrescenta um ponto, no momento da narrativa, dei a entender que o moço garboso que o santinho casamenteiro atingira era meu bisavô. Contar esse causo teve o sabor de café com rabanadas(um dos pratos preferidos da bisa).

Giovana Olivieri

A partir de um mergulho afetivo em suas raízes, integrando uma família com muitas crianças, Giovana Olivieri trouxe a questão da Morte. Após relatar a experiência de perda de um parente querido, Giovana constatou que as histórias propiciavam, principalmente às crianças, um continente e uma possibilidade de elaborar a morte como um fato da Vida. Apresentou, então, uma das histórias do livro Contos de Enganar a Morte, de Ricardo Azevedo.
Giovana deu a notícia que está grávida! Aguardamos, então, a chegada de um pequeno contador ou de uma pequena contadora de histórias. E VIVA A VIDA!

Nathália Soledade

Com a combinação de força e doçura que a caracteriza, Nathália Soledade, atriz e arteterapeuta em formação; narrou o surgimento de Aparecida, nossa Virgem Negra, das águas do rio.

Diogo Carneiro

Diogo Carneiro, que na foto aparece cantando com Nathália Soledade, fez sua participação cantando e encantando. Fez duo com Tiago Souza e abrilhantou nosso encontro com músicas - algumas de sua autoria. A presença de Diogo, nos Moitarás, é sempre garantia de afetividade e boas canções.

Tiago Souza

O músico, assistente social e arteterapeuta em formação Tiago Souza trouxe-nos Francisco, o santo que louva a Criação; com canções, imagens da cidade de Assis, rezas e histórias, Tiago reiterou o cuidado pela Terra e a construção de uma cultura de Paz.

Patrícia Almeida

Patrícia Almeida, estreando no Moitará, contou um causo em que vários Antônios comprovaram o poder de Santo Antônio. Foi um prazer ouvir Patrícia...

domingo, 15 de julho de 2007

Bruna Estrella


Bruna Estrella assumiu definitivamente sua dupla jornada nos Moitarás: agora, além de documentar as narrativas em vídeo, ela também conta histórias!
Trouxe-nos um conto que adorava ouvir de sua mãe, na infância: Dona Miséria, a mulher que enganou a Morte.
Como quem conta um conto acrescenta um ponto, o conto, originário de um livro em espanhol, foi adaptado por Bruna. Portanto, segundo a narradora, quando dona Miséria liberou a Morte, todos os funcionários do IML tiveram seus empregos assegurados...

Ana Luisa Mainardi

E Santo Antônio, o mais mencionado neste Moitará, retornou com a arteterapeuta e contadora de histórias Ana Mainardi, para relembrar que faz milagres, sim, mesmo quando atirado pela janela. Ana também lembrou que é sempre bom prometer ao santo bordar um manto azul. Então, MÃOS À OBRA! Agulha, linhas e missangas para homenagear Santo Antônio!

A Tribo do IV Moitará

Até o próximo Moitará !
DIA 19 DE AGOSTO

IV Moitará de Histórias - Convite


SANTO DE CASA FAZ MILAGRES !
Um mergulho na religiosidade de nossa gente!

Traga HISTÓRIAS; SIMPATIAS ou REZAS para qualquer santo, de qualquer Fé. Traga cópias para um escambo de Palavras Abençoadas.
Ao final do encontro, cada participante terá um repertório de histórias, construído, coletivamente, com a Palavra de cada um.
Um grande abraço
Eliana Ribeiro

Dia 24 de junho de 2007
Das 14:00h às 17:00h

Inscrição: R$ 10,00
Pelo telefone: (21) 3393- 1661 ou
Pelo e-mail:
mandalaxxi@yahoo.com.br

Local: Clínica Pomar
Rua Engenheiro Adel 62, Casa 2,
Tijuca, Rio de Janeiro

AO CONFIRMAR A INSCRIÇÃO, DEIXE UM TELEFONE OU E-MAIL, PARA QUE POSSAMOS COMUNICAR O NÚMERO DE CÓPIAS NECESSÁRIAS.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Fotos do III Moitará de Histórias

Imagem do livro O Casamento entre o Céu e a Terra.Leonardo Boff. Ed. Salamandra
... E então, quinhentos e sete anos depois da invasão das terras que hoje chamamos BRASIL, contadores de histórias se reuniram para celebrar os povos que aqui estão há mais de trinta mil anos. Foi o III Moitará de histórias do !Ponto do Conto.
A sabedoria indígena, contida nas diversas histórias, chegou-nos por diversos caminhos: o caminho da transmissão oral, como Ana Cássia e sua avó Jubiaciara, da tribo dos Tremembé; chegou-nos, majoritariamente, através de pesquisa bibliogáfica (aqui incluída a web) e cariocamente, chegou-nos via samba enredo _ a primeira vez que ouvi o mito karajá de Tainah Kan foi em um samba de um bloco, na Ilha do Governador.
Agradeço ao Povo das Histórias por fazer-se presente em um domingo de sol bem carioca e mostrar a força efetiva e afetiva de uma Roda de Contação de Histórias.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Eliana Ribeiro

Eu iniciei o Moitará com a Palavra indígena do século XXI - o discurso feito pelo embaixador mexicano Guaicaípuro Cuatemoc, na Conferência dos chefes de estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em Madri (maio de 2002) - a respeito da dívida externa. Sua Palavra representa todos os povos indígenas das Américas...

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento _ao meu país_ com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteios sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento de juros .

(...)

Esses 185 mil quilos de ouro e 6 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos emprétimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. Pensar o contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

(...)

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

(...)

Muito peso em ouro e prata...quanto pesariam se calculados em sangue? Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absluto fracasso financeiro e a dem~encia e irracionalidade dos conceitos capitalistas. (...) Exigimos assinatura de uma carta de intenções e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privaização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica."

Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE


Nathália Soledade e Diogo Carneiro

Com o cantar semelhante ao da Uiara ou Iara, a sereia amazônica, Nathália Soledade cantou / encantou o mito da ninfa das águas, Mãe-D'Água. E Diogo Carneiro, lembrando-se que em criança passara por ritual no qual recebera um nome indígena, contou a Vitória-Régia , a jovem índia apaixonada que se lança às águas misteriosas, sendo transformada por Jacy, a Lua , em uma estrela das águas - a Vitória-Régia.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Bruna Estrella

Bruna Estrella, responsável pela documentação em vídeo do Moitará, ampliou sua participação... Trouxe um alerta:

"Quando a última árvore tiver caído.

Quando o último rio tiver secado.

Quando o último peixe for pescado,

aí sim, vocês vão entender que dinheiro não se come."

Ana Cássia Nogueira

Com a força criativa da Lama, Ana Cássia Nogueira, arteterapeuta e contadora de histórias, maravilhou a roda do Moitará com um conto, reescrito a partir de história ouvida de sua avó, Jubiaciara, da tribo dos Tremembé, uma das tribos que ainda resistem no sertão do Ceará.
" E minha avó, com os olhos emocionados como se tivesse assistido a tudo aquilo, terminava a história dizendo:
_É daí, Ana! É daí que vem a vida!
Foi assim que eu aprendi a reseitar a lama e todos os peixes, rãs, cobras e grilos, que vieam dela e ue abriram camino para nós... Com minha avó, JUBIACIARA, índia da tribo Tremembé!
Fica registrada a solicitação para que Ana Cássia, poeta que é, publique os contos aprendidos com Jubiaciara, sua avó.

Maria Soares

Maria Soares, contadora de histórias voluntária do Projeto Viva e Deixe Viver e professora de História em formação, troxe quatro preciosidades para o III Moitará: Cláudia, Maria Victória, Ana Clara e O Princípio do Mundo.

"Todas as coisas estavam envoltas numa escuridão impenetrável; uma neblina densa cobria a terra. Saíram das trevas dois índios: um Caruçacahy (Caru), grande e corpulento; uotro, Rairu seu filho..." Fonte: Lendas Indígenas - Gráfica Ed.Aquarela, SP, 1962)


Cláudia Soares

Cláudia Soares esteou no Moitará com Kuát e Iaê - A conquista do dia.

'No princípio so havia a noite. Os irmãos Kuát e Iaê - o Sol e a Lua - já haviam sido criados, mas não sabiam como conquistar o dia. Este pertencia a Urubutsim (Urubu-rei), o chefe dos pássaros..."

terça-feira, 10 de julho de 2007

Maria Victória Mattoso e Ana Clara Mattoso

Na primeira foto, Maria Victória Mattoso e na segunda, Maria Victória, Cláudia Soares e Ana Clara Mattoso, as três mais jovens integrantes da tribo do III Moitará. Estreantes em contação de histórias, pesquisaram belos mitos de origem. Maria Victória apresentou a criação do amor, em uma versão de Couto de Magalhães:

"No começo havia a escuridão. Então nasceu o sol,Guaracy. Um dia ele ficou cansado e precisou dormir. Quando fechou os olhos tudo ficou escuro. Para iluminar a escuridão enquanto dormia, ele criou a lua, Jacy. Ele riou uma lua tão bonita que imediatamente apaixonou-se por ela. Mas, quando o sol abria os olhos para admirar a lua tudo seiluminava e ela desaparecia. Guaracy criou então , o amor , Rudá , seu mensageiro..."

Ana Clara Matoso troxe a origem do arco-íris, segundo duas tradições indígenas: Kaxinawá e Kaiapó .

A pesquisa de Ana Clara teve como base:

Para o mito Kaxinawá: Rã-txa-huni-ku-í, a Língua dos Caxinauás, João Capistrano de Abreu, 1914.

Para o mito Kaiapó: Curt Nimuendaju, Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1989)

Dauá Silva

O contador de histórias e escritor Dauá Silva, ele próprio com ascendência guarani, apresentou O Iacaré e o índio Tuxim, de sua autoria e avisa:

"sempre que for a um rio pescar ou banhar, tome cuidado e se previna...se nã o Iacaré pode te abraçar.

Dauá levou instrumentos musicais, cantou e acrescentou sons a diversas narrativas.

Helayne Costa

A arteterapeuta Helayne Costa narrou Mai Pituna Oiuquai Ana (como a noite apareceu).

" Na terra verde e faceira, tudo era luz... a hiléia parecia recoberta de uma imensa tapeçaria cor de ouro, tecida pelo tear brilhante do sol...

As trevas dormiam no silêncio misterioso das grandes águas, guardadas pela Boiuna em seu palácio, cheio de srtilégios e encantamentos..."

Maria Luciana Barbosa

Maria Luciana Barbosa, que no II Moitará fizera a opção da escuta carinhosa, neste III Moitará narrou Potyra, as lágrimas eternas.

Carmem Simas

Carmem Simas brindou o Moitará com um relato de Orlando Villas Bôas sobre um...Moitará. Na descrição do encontro entre TRUMAÍS e KAMAIURÁS, percebemos que o valor dos bens a serem trocados em um Moitará diferem, e muito, do valor atribuído por nós, os assim chamados civilizados. Leia o relato:


" Não é comum, mas acontece vez ou outra de uma aldeia entrar em crise alimentar. A roça de mandioca, o grande celeiro, é um convite á vara de porcos-queixada, voraz e destruidora. . Os índios trumaís _ língua isolada _ convidaram os kamaiurás _ língua tupi _ para o Moitará (comércio de troca). Nosso acampamento foi o escolhido para o ato.

Os trumaís foram os primeiros a chegar, não iam além de uns vinte ou trinta, homens e mulheres. Os camaiurás estavam mais representados, talvez uns sessenta ou setenta.

Os dois grupos, formando dois semicírculos, ficaram defronte um ao outro, , cada qual num dos lados de um pequeno espaço no pátio do acampamento, que havia sido cuidadosamente varrido.

O primeiro a falar foi Tamapu, chefe kamaiurá, que foi logo dizendo que sua gente ali representada pelos chefes de grupo se dispunha a atender o convite, embora não dispusesse, no momento, de coisas à altura do interesse dos trumaí.

Logo em seguida, Aluari, chefe trumaí, começou falando que sua gente estava atravessando uma situação difícil. Novos numa área de ocupação, vinham se suprindo quase que exclusivamente de peixe. As roças novas haviam sido destruídas por avanços periódicos de varas de porcos-queixada.

Foi aí que uma surpresa confundiu o ambiente Aluari avançou até a área preparada para serem postos os objetos de troca e exclamou:

_ A fome ronda nossa aldeia. Por isso, propomos a troca desta porção de pequi por mandioca.

E depositou na área de troca uma minúscula massa de pequi do tamanho de um grão de milho, voltando para seu lugar. Não houve um só minuto de indecisão. Tamapu avançou, tomou uma migalha da massa e a colocou na boca. E m seguida, ofereceu aos chefes dos grupos de sua aldeia. Não houve quem recusasse, mas era quase uma provação simbólica do pequi. Tamapu, dirigindo-se ao chefe trumaí, avisou:

_Amanhã, aqui mesmo, traremos a mandioca do Moitará.

A reunião foi desfeita. Cada qual seguiu para sua aldeia.

No dia seguinte, logo pela manhã, foram chegando os índios com a carga pesada. Os trumaís lá estavam para recebê-la. A nós coube auxiliar o transporte para a aldeia, nada menos que 800 quilos de mandioca.

Comentando com os trumaís a magnanimidade camaiurá, eles argumentaram:

_Não. Eles comeram o pequi. Foi feito o Moitará."

Penso em quantas pessoas já ouvi dizer que gostariam de participar do Moitará, mas que nunca haviam contado histórias.Então digo:

_Traga sua massa de pequi!


Maria Abigail Domingues

Maria Abigail Domingues trouxe o mito Setere-Maué que fala sobre a origem do guaraná.

Maria Francisca Nazareth

A arteterapeuta Maria Francisca Nazareth demonstrou que, neste século XXI, a web se apresenta como um recurso a mais para a formação do repertório do contador de histórias. Ofereceu á roda do Moitará a lenda do Pirarucu , da nação dos UAIÁS.


Cleudes Werneck

Cleudes Werneck trouxe O Pássaro da Sorte, o mito do uirapuru, recontado por Clarice Lispector em seu livro Como nasceram as estrelas, da Editora Nova Fronteira.

Ana Lúcia Pó

Ana Lúcia Pó (com o cocar e maraca nas mãos), Focalizadora de Danças Circulares, convocou o grupo a chamar nossos espíritos para o Círculo do Moitará. Cantamos, então, as vogais de nossos nomes, em um rito simples e belo, fazendo circular a Roda. Fizemos o chamado ao iníciar e ao encerrar o Moitará.

A Tribo do III Moitará

Até o próximo MOITARÁ

24 de junho


III Moitará de Histórias- Convite

Trinta mil anos de sabedoria

Narrar é resistir!
Na data da invasão das terras que hoje chamamos Brasil, vamos bendizer os povos indígenas.

Conte um mito ou lenda de uma NAÇÃO INDÍGENA. Traga cópias para um escambo de Palavras Ancestrais.
Ao final do encontro, cada participante terá um repertório de histórias, construído, coletivamente, com a Palavra de cada um.

Um grande abraço
Eliana Ribeiro


Dia 22 de abril de 2007
Das 15:00h às 18:00h

Inscrição: R$ 10,00
Pelo telefone: (21) 3393- 1661 ou
Pelo e-mail:
mandalaxxi@yahoo.com.br

Local: Clínica Pomar
Rua Engenheiro Adel 62, Casa 2,
Tijuca, Rio de Janeiro

AO CONFIRMAR A INSCRIÇÃO, DEIXE UM TELEFONE OU E-MAIL, PARA QUE POSSAMOS COMUNICAR O NÚMERO DE CÓPIAS NECESSÁRIAS.


segunda-feira, 25 de junho de 2007

Fotos do II Moitará de Histórias

...E então, numa uma noite de Lua Cheia, no dia 8 de março, Mulheres e Homens se reuniram em um círculo, para bendizer o Feminino.
Foi o II Moitará de Histórias do !Ponto do Conto.
Agradeço ao povo das histórias que, no Rio de Janeiro e em São Paulo, fez valer a força da Palavra e da Roda de Contação!
Eliana Ribeiro

Bruna Estrella


Agradeço à Bruna Estrella, responsável pela filmagem do II MOITARÁ , pelo apoio dado durante a realização do mesmo.
(*) As fotos do II MOITARÁ foram feitas a partir da filmagem.

O Moitará de Histórias em São Paulo

O Moitará de Histórias sobre a Mulher aconteceu também em São Paulo!
Coordenado pela artista plástica Virgínia Pirondi,no
Atelier de Cerâmica Virgínia Christoni Pirondi,
contou com a participação de Janice Pires, Renata Elandra, Marisa Nieri, Margarida Lima, Sosô Fernandes e Sílvia Carla Itaboraí.
Realizado no mesmo dia e horário que o do Rio de Janeiro, estabeleceu uma grande corrente de bendizeres!

Eliana Ribeiro

Eu, Eliana Ribeiro, abri o MOITARÁ do Rio de Janeiro, com a história de Neusa, uma deslumbrante e sábia senhora que conheci em um dos abrigos da Prefeitura do Rio de Janeiro, destinados aos cidadãos invisíveis- os moradores de rua. Depois, segui com a memória da militância feminista, com a música Mulheres do Brasil, de Joyce.
"No tempo em que a maçã foi inventada
Antes da pólvora, da roda e do jornal
A mulher passou a ser culpada
Pelos deslizes do Pecado Original
Guardiã de todas as virtudes
Santas e Megeras, Pecadoras e Donzelas
Filhas de Maria ou deusas lá de Hollywood
São irmãs porque a Mãe Natureza fez todas tão belas(...)
São donas de casa, professoras, bailarinas
Moças operárias, prostitutas, meninas
Lá do breu das brumas vem chegado a bandeira
SÁÚDA O POVO E PEDE PASSAGEM A MULHER BRASILEIRA"

Zelinda Andrade dos Anjos


A professora e arteterapeuta Zelinda Andrade dos Anjos, contou e encantou com uma delicada história de uma mulher que se transforma em árvore, que é despedaçada e curada...

Ângela Philippini


Ângela Philippini (de rosa) , arteterapeuta, Master em Criatividade pela Universidade de Santiago de Compostella, criadora do espaço POMAR, coordenadora do Curso de Formação e de Pós-Graduação em Arteterapia, convidou-nos a, Ponto a Ponto, darmos voz às palavras de Ana Maria Machado, em leitura coletiva:
" E foi-se o tecido cobrindo, de cor em cor enfeitado. Foi-se a história construindo, mãos em risco do bordado. Mãe e filhos, ponto a ponto, fazem um mundo em contraponto.
Do mesmo jeito que o rio seu fio d'água engrossou o fiapinho de voz por bem longe se espalhou. Virou foto no jornal, saiu na televisão. Cantou em livro de história e aqui está na sua mão.
Com ponto de exclamação."

Nathália Soledade

Cláudia Gomes Dias

Cláudia Gomes Dias _ contadora de histórias, bibliotecária, cantora e tecladista_ com a generosidade de sempre, nos trouxe três histórias:A mulher e o homem, de Victor Hugo; A mulher pefeita, conto extraído do livro As mais belas parábolas de todos os tempos/ Organização de Alexandre Rangel; e o conto A Fiandeira, escolhido para ser narrado.
Cláudia também presenteou a roda do MOITARÁ com a canção Mulher , na voz de Elba Ramalho. E é sempre bom lembrar que
"Pra descrever uma mulher
Não é do jeito que quiser
Primeiro tem que ser sensível
Senão é impossível
Quem quer por fora não vai ver
Por dentro o que ela é
É um risco tentar resumir
Mulher..."